sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Lígia


Olá amigos internautas,

Antes de tudo, queria parabenizar o internauta Rafael Avena, de São Paulo, por ter ganhado a promoção As Emoções estão nessa estrada. Agora sim. Aproveitando a comemoração mundo afora pelos 50 anos da bossa nova, que inclusive já contou com a participação do Rei, em um show com Caetano Veloso, que foi bastante comentado pela crítica e pelo público, cá estamos para falar de uma canção bastante misteriosa, a meu ver, da discografia de Roberto Carlos. Trata-se de Lígia.

Composta por Tom Jobim em 1972, Lígia foi gravada pelo maestro naquele ano, além de ser interpretada, ainda, brilhantemente, por Gal Costa. Mas, embora sempre tenha sido muito associada a Roberto Carlos, só entrou oficialmente para sua discografia em 2006, por meio do lançamento do disco Duetos.

Interpretada no especial de 1976 e no de 1978, e relembrada no especial de 1978, Lígia foi comentada pelo maestro Antonio Brasileiro no primeiro destes, 1976. "Mas a verdade é que, entre um urubu e outro, você também pensa numa mulherzinha como Lígia, por exemplo", provocou Roberto, ao que Tom respondeu: "Claro. Pois é, e a Lígia, você sabe, eu quis apresentar a você, fomos lá, aos Estados Unidos, às pressas, sem passaporte... Ela disse que você não quis nada com ela". Na realidade, Tom Jobim se referia ao fato de ter apresentado a canção a Roberto Carlos, para que este a gravasse, fato que nunca ocorreu, embora Roberto aparente gostar muito da canção, visto que além dos especiais citados, a canção estava também presente no Show Detalhes, num meddley de três canções em homenagem ao Tom.

Mas uma coisa que nunca podemos deixar de comentar sobre Lígia é a surpresa do rei no especial de 1978, ao deparar-se com o maestro cantando uma parte da música que ele não conhecia. Aqui vamos explicar o fato.

Na realidade, Lígia tem duas versões de letra. Ambas de Tom Jobim, porém a segunda, com alguns toques de Chico Buarque. E, embora co-autor, Chico não quis receber os devidos créditos pela canção, porque era mantido sob rédeas curtas na época da ditadura. E foi isso que ocorreu: Roberto Carlos só conhecia a versão com alguns toques de Chico Buarque, e não a de autoria apenas de Tom. Aqui você confere a letra de ambas as versões, e assim poderá comparar as duas.

1a. versão

Eu nunca sonhei com você
Nunca fui ao cinema
Não gosto de samba
Não vou a Ipanema
Não gosto de chuva
Nem gosto de sol
Eu nunca te telefonei
Para que se eu sabia
Eu jamais tentei
E jamais ousaria
As bobagens de amor
Que aprendi com você
Não, Lígia, Lígia
Sair com você de mãos dadas
Na tarde serena
Um chope gelado
Num bar de Ipanema
Andar pela praia até o Leblon
Eu nunca me apaixonei
Eu jamais poderia
Casar com você
Fatalmente eu iria
Sofrer tanta dor
Pra no fim te perder
Lígia, Lígia.
Você se aproxima de mim
Com esses modos estranhos
E eu digo que sim
Mas seus olhos castanhos
Me metem mais medo
Que um raio de sol
Lígia, Lígia.

2a. versão, com alguns toques de Chico Buarque

Eu nunca sonhei com você
Nunca fui ao cinema
Não gosto de samba
Não vou a Ipanema
Não gosto de chuva
Nem gosto de sol
E quando eu lhe telefonei
Desliguei, foi engano
O seu nome eu não sei
Esqueci no piano
As bobagens de amor
Que eu iria dizer
Não, Ligia, Ligia
Eu nunca quis tê-la ao meu lado
Num fim de semana
Um chope gelado
Em Copacabana
Andar pela praia até o Leblon
E quando eu me apaixonei
Não passou de ilusão
O seu nome rasguei
Fiz um samba-canção
Das mentiras de amor
Que aprendi com você
Ligia, Ligia
E quando você me envolver
Nos seus braços serenos
Eu vou me render
Mas seus olhos morenos
Me metem mais medo
Que um raio de sol
Ligia, Ligia

E você fica com o vídeo de Roberto Carlos cantando Lígia no show que fez com Caetano Veloso.




Sim... Agora vou indo, anunciando que na próxima sexta (31/10/2008) teremos uma matéria sobre o TOC do rei !

Um forte abraço
James Lima
Teresina - Piauí - Brasil

5 comentários. Clique aqui para comentar!:

Vinícius Faustini disse...

Em coletiva de imprensa no lançamento do disco e do DVD "Duetos", perguntaram ao Roberto se o espanto dele quando o Tom cantarolou o trecho da "primeira versão", e ele afirmou que sim, foi espontâneo, pois não sabia dessa história das letras trocadas. Talvez porque naquela época não tinha o Blog Roberto Carlos Braga pra informá-los... hahaahahahha.

Coincidentemente, o "Emoções de Roberto Carlos" fala no post de hoje sobre o número do show "Detalhes" que traz as mulheres de Tom. Recomendo a você a todos pra darem uma passada lá, pois o número foi interessantíssimo...

Ah, aproveito pra recomendar também meu outro blogue - "Diário de um salafrário" - que traz textos meus, do meu lado escritor. Espero que ambos agradem...

Abraços,

Vinícius Faustini

www.diariodeumsalafrario.blogspot.com

www.emocoesrc.blogspot.com

Anônimo disse...

Amigo James,
Parabéns pelo artigo. Eu adoro as musicas do Tom Jobim, principalmente "Ligia" e "Luiza" e a primeira na voz do Rei Roberto Carlos é um arraso, uma maravilha! Os Especiais do Rei que contaram com a presença do Grande e Inesquecivel Maestro Tom Jobim sao os meus preferidos.
Um grande abraço.
Ocenilda, Verviers, Bélgica

Unknown disse...

Jaime, boa noite, gostei demais da postagem, tudo que é relacionado com o rei me atrai, pois sou seu fâ, desde menino, quando não perdia um programa na TV que era as Jovens Tardes, sensacional, é uma viagem no tempo, nos bailes com cuba libre, ron montila e coca-cola, cabelos longos, e anéis do calhambeque, e cordões com medalhões e cinturões. belos tempos. um grande abraço...

Anônimo disse...

James,

Muito legal essa postagem sobre Lígia! Essa canção foi gravada também por Chico Buarque, Gal Costa e pelo próprio Tom!

Acho uma das mais lindas e clássicas do Tom, sobretudo pela simplicidade de dizer: "Esqueci no piano as bobagens de amor que iria dizer..."

Blog Música do Brasil
www.everaldofarias.blogspot.com

Um forte abraço!

Anônimo disse...

Olá Mascote!...
Gostei bastante deste artigo, aliás os posts que tens colocado neste teu blog são sempre de grande qualidade.
Fiquei muito melhor informada ácerca da canção Lígia que desconhecia que tinha duas versões. Onrigada por as teres colocado para que pudessem ser comparadas.
Um grande beijo da madrinha.